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Surrealismo, macrovb.


vb. criado em 04/07/2013, 13h55m.

Extinto como movimento artístico na década de 1930, o surrealismo continuou a exercer grande influência ao longo de todo o século XX. Seus postulados, contrários ao pensamento estético, ético e político tradicionais, abriram espaço para novos símbolos e mitos alheios ao Racionalismo.

O termo surrealismo, criado pelo escritor Guillaume Apollinaire, designa um movimento artístico de vanguarda que ocorreu entre as duas guerras mundiais principalmente na França. Derivado do dadaísmo, teve no crítico e poeta André Breton seu principal ideólogo. Da literatura, o movimento se estendeu às artes plásticas, cinema, teatro, filosofia, moda e também ao modo de vida. O movimento foi inaugurado por Breton com a publicação do Manifeste du surréalisme (1924; Manifesto surrealista).

No artigo "Les Champs magnétiques" (1920; "Os campos magnéticos"), publicado na revista Littérature, Breton definiu o traço fundamental do surrealismo, a chamada "escrita automática". Tratava-se de transmitir diretamente, sem refletir ou concentrar-se no que se queria dizer, as palavras que, sem tema preconcebido, viessem à mente de forma imediata. Essas frases procederiam diretamente do Inconsciente e não teriam relação lógica entre si. Por isso, Breton se recusava a apagar, refazer ou retificar e negava o exercício da crítica sobre a escrita automática, considerada por ele como "texto puro", ou poema surgido do inconsciente.

Dessa forma, Breton reagiu contra as limitações impostas pela razão e pela ordem social estabelecida e pretendeu criar um novo código de poesia e de conduta em geral. De acordo com a definição que ele mesmo formulou, "surrealismo é o puro automatismo psíquico, pelo qual propomos expressar verbalmente, por escrito ou por qualquer outro meio, o processo real do pensamento. O ditado do pensamento, na ausência de todo controle exercido pela razão e na ausência de toda preocupação estética ou Moral".

Breton afirmava que o sonho tem realidade objetiva e exerce sua influência sobre a realidade consciente objetiva. Se para Freud, criador da psicanálise, o sonho consiste num conteúdo inconsciente que assume formas do mundo da experiência, para Breton o Sonho é a própria experiência.

Em seu interesse pelo onírico, Breton refez não apenas o caminho de Freud, mas também o de outros pensadores e escritores interessados no mundo subjetivo, tais como Gérard de Nerval, Rimbaud e Isidore-Lucien Ducasse, que publicou sua obra como conde de Lautréamont. Evocador de outras correntes estilísticas, Breton se considerou herdeiro de Chateaubriand, Victor Hugo, Edgar Allan Poe, Baudelaire e outros. Entre os pintores, escolheu Uccello, Seurat, Gustave Moreau, André Derain, Picasso e Marcel Duchamp, entre outros. Pontos de referência foram também as teorias de Hegel e Marx.

Entre os poetas e escritores que aderiram ao "surrealismo absoluto" de Breton encontravam-se Louis Aragon, Robert Desnos, Paul Éluard e Philippe Soupault. De início, não havia pintores no grupo, mas no notável ensaio Le Surréalisme et la peinture (1925-1928; O surrealismo na pintura) Breton falou sobre a existência de um movimento pictórico paralelo ao literário. O modelo surrealista na pintura tinha por base o objeto perturbador e mágico: objeto e imagens procedentes do sonho e formados em associações livres, de forma semelhante ao automatismo verbal.

A primeira exposição de pintura surrealista foi realizada na galeria Pierre, de Paris, em 1925. Os pintores dessa tendência se interessaram pela arte das crianças e dos psicopatas. Na busca de uma nova linguagem, recorreram a diversas técnicas, como a colagem, o frottage etc.; e estilos, que oscilaram desde as formas abstratas da pintura de André-Aimé-René Masson aos detalhes de efeito nas formas concretas de [Salvador Dali] e René [Magritte].

A pintura surrealista englobou assim diversas tendências. Embora com características próprias, a escola metafísica italiana, com Giorgio [De Chirico] e Carlo Carrà, constituiu um movimento paralelo. Procedente do dadaísmo, Max Ernst realizou obras surrealistas plenas, como sucessões de imagens contraditórias, reflexo de seu interesse pelo desconhecido e pelo medo irracional. Yves Tanguy criou formas irreais em paisagens marcadas pela profusão de detalhes.

Salvador Dalí realizou suas primeiras obras surrealistas sob influência dos metafísicos italianos e empreendeu, com Luis Buñuel, as primeiras experiências cinematográficas surrealistas, com Un chien andalou (Um cão andaluz), em 1928, e com L'Âge d'or (A idade de ouro), em 1931. Dalí desenvolveu em sua pintura o que chamou de método paranóico-crítico, que propunha uma incursão no mundo alucinatório e paranóico para liberar as imagens inconscientes com maior força, transpondo-as assim com sucesso para as obras e para a própria vida. Em suas obras abundam imagens múltiplas distorcidas mas reconhecíveis.

Na pintura de Magritte, o observador se encontra com uma aparente realidade, na qual se estabelecem relações absurdas ou ilógicas. Paul Delvaux combinou o padrão clássico de beleza com as imagens oníricas de personagens em estado de transe. André Masson e Joan [Miró] realizaram uma pintura surrealista abstrata. Miró empregou a técnica do desenho automático em suas representações imaginárias de animais ou personagens de formas caligráficas. A esses devem somar-se os nomes dos escultores Jean Arp e Alberto Giacometti e do fotógrafo americano Man Ray.

f.: Barsa CD v. 1.11 (1995). Baseada na Nova Enciclopédia Barsa. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações (1 CD).

ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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